quarta-feira

Mobilização é essencial.



Artigo de Roberto Teixeira da Costa sobre o Movimento Brasil Eficiente (MBE), publicado no jornal O Globo de ontem, 21/12/2010.

O INSTITUTO ATLÂNTICO FAZ EVENTO DE ENCERRAMENTO DE 2010, NO RIO.








Com a presença de seu presidente de honra, Diogo de Figueiredo Moreira Neto, participaram da reunião-almoço o presidente em exercício Paulo Rabello de Castro, o vice-presidente Roberto Carvalho e os diretores Rafael Mitchell; Flávio Ferreira, Cândido de Oliveira e Carlos Augusto Junqueira, o assessor de imprensa, José Luiz, lideranças do Cantgalo, Luiz Bezerra, presidente da associação de moradores e Paulo Couto, diretor, bem com a presidente do projeto de segurança de Ipanema, Ignez Barreto e o advogado Mário Azevedo, do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch.

Na pauta, um relato sobre as principais atividades de 2010 e os objetivos para 2011,destacando o projeto Cantagalo, que visa a titulação da propriedade para os moradores e a integração dessa comunidade com o bairro de Ipanema; e o Movimento Brasil Eficiente (MBE), que prepara Campanha Nacional de Comunicação através da Rede Globom além de um semináro à ser realizado em fevereiro de 2011, em parceria com o Jornal O GLOBO.

Durante o encontro, o professor Diogo de Figueiredo e os presentes, prestaram uma justa homenagem ao ex-diretor do Instituto Atlântico, o jurista Marcos Juruena, recentemente falecido.

segunda-feira

"Medidas no câmbio são imprescindíveis."

Empresário diz que real forte ajuda na desindustrialização do País; 'já temos automóveis coreanos, eletrônicos coreanos e vários produtos chineses no nosso dia a dia'

Leandro Modé

O engenheiro Pedro Passos é um dos principais responsáveis pelo sucesso da Natura, a maior fabricante de cosméticos do País, que faturou mais de R$ 3,5 bilhões entre janeiro e setembro. Copresidente do Conselho de Administração da empresa, ele também dirige o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Nas duas posições, está preocupado com a valorização do real ante o dólar e, por isso, defende amplamente as recentes medidas do governo para tentar frear o movimento. "O governo acerta ao começar a sinalizar medidas mais fortes na direção de conter o fluxo de curto prazo e tentar mitigar a valorização do real", diz. "Acerta, mas são medidas transitórias e insuficientes para corrigir o problema."

Para Passos, o câmbio valorizado é um dos fatores que provocam a desindustrialização do País. "Em termos relativos ao PIB (Produto Interno Bruto), a indústria decresceu fortemente", afirma. "O cenário é evidente: já temos automóveis coreanos, eletrônicos coreanos e vários produtos chineses no nosso dia a dia." Ele conversou com o Estado na sexta-feira à tarde.

O governo tem acertado nas medidas para conter a alta do real?

No contexto global, há uma pressão de valorização do real muito forte, além daquelas que já existiam. Se nada for feito, a tendência é de valorização ainda maior. A perda de competitividade da indústria ocorre também por causa do câmbio. Por tudo isso, achamos que o governo acerta ao começar a sinalizar medidas mais fortes na direção de conter o fluxo de curto prazo e tentar mitigar a valorização do real. Acerta, mas são medidas transitórias e insuficientes para corrigir o problema.

Para muitos analistas, sobretudo no mercado financeiro, as medidas arranham a credibilidade conquistada a duras penas nos últimos anos.

Era preferível não ter de tomar essas medidas, porque de fato têm alguns efeitos colaterais no mercado financeiro, no livre fluxo, etc. Mas, no momento atual, se tornam imprescindíveis. Não seria a primeira opção, mas, diante do cenário presente, temos de enfrentar a situação mostrando que o País vai administrar, de certa forma, a moeda.

O sr. falou em medidas transitórias. O que seria permanente?

Temos de integrar a política monetária e a política fiscal. Temos de sinalizar que vamos na direção de maior folga fiscal. É o único caminho para reduzir os juros e, por consequência, ter menor valorização da moeda. Obviamente, não é só câmbio o problema. Há outros fatores ligados à competitividade que o Brasil precisa encarar.

Qual a parcela desse câmbio valorizado na redução da competitividade da indústria brasileira?

O câmbio é uma variável importantíssima. A gente pode ter uma estimativa pelo agravamento recente dos saldos comerciais. O Brasil produz déficit na área industrial sem igual. Em alguns itens de média e baixa intensidade tecnológica os déficits são impressionantes. De um ano para o outro, houve enorme deterioração. Isso é fundamentalmente influência do câmbio, porque as demais condições de competitividade (tributária, trabalhista, de infraestrutura) são as mesmas. Hoje, o câmbio é a variável mais próxima para melhorar a competitividade. A médio prazo, resolvidas essas questões estruturais, além de uma política externa mais agressiva, talvez não precisaremos depender de um câmbio subvalorizado para ter competitividade externa.

O déficit comercial do setor aumentou, mas a produção industrial a exportação de manufaturados têm crescido.

A produção está bem porque temos crescimento de mercado interno. Isso dá essa sensação de alívio. No entanto, se você toma os produtos industriais de mais alta intensidade tecnológica, estamos produzindo saldos comerciais crescentemente negativos. O Brasil enfrenta uma situação de assimetria absurda entre sua importância no PIB global e seu comércio exterior industrial. Enquanto nossa indústria representa 2,5% da indústria mundial, nossa pauta de exportação industrial é de 0,9%. A situação em um cenário de longo prazo é muito crítica.

Qual seria a taxa de câmbio ideal hoje?

Cada setor tem sua referência. Mas, na média, não é abaixo de R$ 2,00.

Só o dólar acima de R$ 2,00 deixa a indústria competitiva?

Neste momento, sim. No longo prazo, poderia ser outra taxa se as coisas estruturais estivessem resolvidas. Somos um país que coloca tributo na exportação. É grave.

Qual o risco de desindustrialização?

Não é um risco. É uma realidade que já está acontecendo. Em termos relativos ao PIB, a indústria decresceu fortemente. Alguns vão dizer: isso aconteceu em países desenvolvidos. Mas nenhum país chegou a ser desenvolvido sem ter uma indústria forte. Ninguém deu esse salto. Então, é preciso ter uma indústria forte, com aumento de renda per capita, etc, para depois poder ter um aumento da participação do setor de serviços. O mercado nacional vem sendo abastecido por produtos de diversas origens, principalmente asiática. O cenário é evidente: já temos automóveis coreanos, eletrônicos coreanos e vários produtos chineses no nosso dia a dia.

O dólar barato não é bom para renovação do parque industrial?

É. A vantagem existe. O problema é que, no Brasil, nem sempre se consegue taxas de financiamentos com taxas e prazos compatíveis. Nesse sentido, também advogamos que faz parte da correção do cenário criar novos mecanismos de financiamento de longo prazo. Temos uma dependência do BNDES, que fez belo papel durante a crise, mas, se o País continuar crescendo, precisamos desenvolver novas fontes.

Com um real mais desvalorizado, não ficaria mais difícil se internacionalizar, que é o caso da própria Natura?

Do ponto de vista de exportação de produtos fabricados no Brasil, não. Se eu tivesse fábrica em outros locais, teria mais competitividade do que tendo fábrica no Brasil. Vou particularizar o caso da Natura, que é muito especial. Como geramos a maior parte das receitas e das margens no Brasil e como sou exportador de recursos para investir em novos países, fica um pouco mais barato mandar com real valorizado. Mas é uma situação muito particular. O conjunto da indústria tem de criar escala e colocar seus produtos lá fora. Não é o que temos visto.

A produção externa no contexto atual é estratégica mesmo ou as empresas estão sendo empurradas por causa da competitividade aqui?

O Brasil é hoje um mercado grande suficiente para dar escala a diversos setores. Portanto, não há nenhuma razão, fora essas questões sistêmicas, para não ter base de produção aqui. Dou mais um exemplo do nosso setor: somos o 3.º mercado mundial, só atrás de EUA e Japão. Mas somos o 30.º exportador! Ou seja, temos escala, tecnologia, as maiores empresas do mundo operam aqui, mas só conseguimos ser o 30.º em exportação, com saldo comercial praticamente zerado. É urgente atacar o problema de frente.

Esse debate ficou escondido na campanha eleitoral.

É um momento confuso. O debate eleitoral se concentrou em outros pontos com mais eco popular. A discussão da economia não foi levada ao público. E é algo importante, porque vivemos momento de situação confortável, mas, se não tomarmos as correções devidas no próximo governo, vamos perder a grande oportunidade. Lastimo pela pobreza do diálogo, da conversa econômica no debate eleitoral.

Há quem defenda uma maior abertura comercial para ajudar a combater o problema do câmbio.

A longo prazo, tem esse efeito. Mas, no meio tempo, a indústria pode sofrer mais. Se o efeito fosse instantâneo, poderia se pensar numa coisas dessas. Vamos precisar liberar barreiras que o Brasil ainda tem, mas a longo prazo. Se barreiras são liberadas e outros fatores que nos tiram competitividade continuam, destruímos a indústria e ficará muito mais caro para a sociedade.

Como o sr. recebe a crítica de que a indústria vive "chorando"?

O Brasil viveu nos últimos anos uma desvalorização da indústria e não está percebendo o quanto de qualidade de vida o setor pode trazer. É claro que a gente veio de um período de alta inflação, no qual o mercado financeiro teve um predomínio. Mas está na hora de mudar a agenda para ter uma indústria forte. No passado, se falava da choradeira do agronegócio. O fato é que cada setor acha que o outro está chorando mais. O Brasil tem uma base industrial diversificada e pode ser um polo relevante para a América Latina. Estamos falando de 400 milhões de pessoas. Políticas de comércio exterior poderiam trazer grandes oportunidades para o desenvolvimento da nossa indústria.

sexta-feira

Roberto Carvalho, vice-presidente do Instituto Atlântico em visita a OAB







Roberto Carvalho, vice-presidente do Instituto Atlântico em visita a OAB, na foto com o Dr. Ophir Cavalcante e o vice-presidente da República, Michel Temer. Na outra foto, com o Dr. Ophir e o senador Demóstenes Torres.