sexta-feira

I.A apresenta projeto Cantagalo ao prefeito de Curitiba


O Instituto Atlântico representado por seu presidente Paulo Rabello de Castro, apresentou no dia 24 de Fevereiro o projeto Cantagalo ao prefeito de Curitiba Beto Richa.

terça-feira

Matéria "Cidadã Marta: moradores começam a exercer seus direitos e também a cumprir deveres", jornal O Globo

RIO - Às vésperas do Natal, num barraco de um cômodo, remendado com plástico e pedaços de madeira, F., de 25 anos, levou uma surra que entrou para a história do Morro Santa Marta. Pela primeira vez, um agressor foi preso em flagrante e enquadrado na Lei Maria da Penha. Dois PMs ouviram os gritos da mulher quando faziam a ronda. Até pouco tempo, o caso chegaria, no máximo, ao "tribunal" do tráfico. É uma página nova sendo escrita no exercício diário, e ainda desorganizado, de cidadania. Às vezes, espontâneo, desencadeado pela simples descoberta por parte dos moradores de que podem reivindicar direitos. Outras, apenas um sintoma, inconsciente, da ocupação policial, iniciada no final do ano passado. Santa para uns, dona para outros, a favela, há 80 anos encravada em Botafogo, está em ebulição. Há erros, acertos e, principalmente, negociação, ou arremedo dela. A Cidadã Marta dá o ar da graça.

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Democracia nas favelas

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Artigo "Venda de imóveis a pleno vapor", jornal O Globo.

RIO - O mercado imobiliário das favelas ocupadas pela polícia já sente os efeitos da valorização. As variações no valor de venda dos imóveis oscilam entre 30% e 400%. No Santa Marta, moradores acham que o céu é o limite. Uma casa de alvenaria, que era negociada por até R$ 10 mil no tempo em que muitos deixaram a favela por causa do tráfico, agora é vendida por R$ 50 mil. Um corretor que trabalha nas imediações há pelo menos cinco anos diz que só agora foi, pela primeira vez, à ladeira de acesso ao Santa Marta, para mostrar imóveis.

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Artigo " A REPROVAÇÃO DO ENSINO"

A REPROVAÇÃO DO ENSINO

Paulo Rabello de Castro

Foi manchete nos jornais do País, como se fosse novidade, que os professores chamados de “temporários” da rede estadual de São Paulo, submetidos a um teste de suficiência em suas matérias de docência, não tinham comando das informações necessárias para passar na prova. Cerca de 40% deles ficaram com nível inferior ao mínimo. Alguns teriam até gabaritado ao contrário: conseguiram não acertar nenhuma questão. Trata-se, de fato, de uma tragédia sabida e escondida. O ensino nacional é reprovado onde quer que preste concurso. A novidade, nesse caso, é que o governo de São Paulo foi direto na raiz do problema, os professores.

Tenho pelos mestres a simpatia e solidariedade de quem conhece o ramo, até porque sou também um deles. Tenho passado a vida enfrentando salas cheias ou meio vazias, de gente grande ou pequena, que tem sua curiosidade cravada na fala do professor. E sei quanto é díficil estar preparado e atualizado. O magistério é missão de sacrifício e dedicação incondicional. E no Brasil pouco valor moral se dá hoje à carreira e, menos ainda, se lhe remunera em nivel adequado.

Esta breve rememoração da situação fática da docência é apenas para deixar claro que quase ninguém apresenta mau desempenho por pura displicência. Cada coisa tem sua explicação possível e a baixa suficiência do magistério no Brasil tem suas razões e motivos mais do que óbvios.

O que parecia menos óbvio antes da divulgação da pesquisa de desempenho é a associação direta entre a atuação sofrível do mestre e a dificuldade de aprender dos alunos que com ele se relacionam. Em análises das causas do baixo nivel da educação no Brasil ouve-se de tudo, em geral um vasto rol de consequências, como repetência, evasão escolar, desinteresse em classe, violência aluno-professor, como se essas fossem “causas” da má apreensão do ensino. Só que são efeitos. As causas, raramente citadas e agora reveladas como grande descoberta, residem onde deveriam ser buscadas: na fonte mesma do ensino vertido aos alunos, por mestres angustiados pela experiência frustrante e até humilhante da auto-percepção de sua mal camuflada incompetência no dia-a-dia da sala de aula. O resultado é o que sabemos, como professores que somos: é o papo esticado e prolongado com os alunos sobre temas alheios à pauta de classe, na espera de o tempo de aula se esgotar e sermos salvos pelo toque da sineta, é a repetição de matéria que quase não avança enquanto o ano letivo se esvai, é a dificuldade de responder a questões e dúvidas colocadas pelos melhores alunos, é a perda de controle da disciplina e da civilidade dos alunos, é o retraimento da personalidade do líder que deveríamos tentar ser...

O padecimento do ensino brasileiro resulta afinal de sua massificação generalizada, que se caracteriza pela perda de conexão do ato de ensinar com qualquer resultado palpável no campo da efetiva transmissão do conhecimento, e que possa ser objeto de aferição e correção de rumos. Pegue, por exemplo uma mestra numa modesta sala de aula no interior, que lida com seus alunos em niveis diversos num mesmo ambiente e a todos domina por sua indiscutível liderança. O elemento essencial ali é a capacidade dessa mestra de aproveitar seu tempo ao máximo para chegar a resultados que ela própria intui e controla por sua longa experiência vivida. Ela não faz parte de uma máquina pública, nem busca preeencher formulários com resultados putativos. O que ela produz, ela vê e acompanha. E entrega esse resultado com grande produtividade, apesar da escassez de meios à sua disposição.

Essa condição atípica não é mais a realidade predominante, pois lidamos com organizações impessoais, cujas verbas “pingam” de Brasília e das secretarias estaduais e municipais independentemente dos resultados alcançados. O fim precípuo da educação fica perdido nas estatísticas. Para voltar a personalizar resultados, atribuindo a cada um seu desempenho efetivo, aluno e professor irmanados num só desafio, é preciso desburocratizar o ensino e radicalizar os meios de sua transmissão.

Penso até na possibilidade de uma revolução educacional em que alunos e professores “aprenderiam ou reaprenderiam juntos” na sala de aula, cuja ministração de curso seria transmitida por video, ao vivo ou em reprodução, por expositores especialmente habilitados, cuja preparação de matéria trouxesse avanço para alunos e monitor. O mestre presencial passaria a ser um treinador de time, ele também um treinando, com o objetivo de levar a “sua” turma à conclusão de cada etapa com sucesso. Esse método alternativo daria o crédito devido à inevitável ação massificada, onde esta pode ser mais produtiva, que é na preparação de exposições completas, atrativas e brilhantes, e aos mestres locais se incumbiria o “acabamento” do diamante do aprendizado.

Tenho certeza que, em poucos anos, no Brasil inteiro, não só em São Paulo, não haveria mais um só professor reprovado em sua própria matéria. E a autoestima desse mestre abriria as portas para um novo momento no Brasil onde a valorização do conhecimento não fosse mais objeto de desprezo ou escárnio pelos que se nesse País ainda se vangloriam de se terem “dado muito bem” sem haver sentado num banco de escola.