quarta-feira

Brasil Eficiente critica possível volta da CPMF


Brasil Eficiente critica possível volta da CPMF
Publicado em 07.11.2010
Diante da pressão pela recriação do tributo, economista do movimento empresarial diz que a proposta não passa de “estelionato eleitoral”

Angela Fernanda Belfort
abelfort@jc.com.br
Um dos coordenadores do Movimento Brasil Eficiente, o economista Paulo Rabello de Castro, criticou a possibilidade de volta da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), conhecida como o imposto do cheque. “É um estelionato eleitoral. Não acredito que os governadores foram eleitos com a bandeira de defender a volta desse tributo infame”, disse, acrescentando que o País precisa de uma nova estrutura tributária mais leve, ágil e desonerada. Na semana passada, uma articulação feita pelos governadores eleitos do PSB pediu a volta da CPMF à presidente eleita Dilma Rousseff. A iniciativa deles contou com o aval do presidente Lula.
A argumentação dos políticos é que preciso achar uma maneira de financiar as despesas que os Estados estão tendo com a saúde. No entanto, a volta da CPMF não foi bem vista por empresários porque traz mais custos para a cadeia produtiva. Derrubada pelo Senado em 2007, a antiga CPMF incidia sobre as operações financeiras das empresas e cidadãos. “Está sendo defendida a volta de um tributo sem se avaliar se há realmente a necessidade desses recursos”, afirmou.
O economista defende que o acompanhamento mais eficiente dos gastos públicos é umas das formas de tornar o País mais sustentável a longo prazo. “A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) está completando 10 anos sem que se tenha cumprido o que estabelece o seu Artigo 67, que prevê a implantação de um conselho de gestão fiscal para acompanhar a eficiência no gasto público”, lamentou.
Segundo Castro, um dos motivos pelo qual se deve acompanhar os gastos públicos é o fato de que a despesa pública corrente do País vem crescendo num percentual muito maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, com exceção nos anos de 1999 e de 2003. A despesa pública corrente inclui toda a estrutura governamental, como salários, Bolsa Família, custeio etc, enquanto o PIB mede todas as riquezas produzidas.
Com o aumento da despesa, é por isso que o comprometimento do governo chega menos ao investimento, de acordo com o economista. “Hoje, a taxa de investimento no Brasil estanca em menos que 20% do PIB, quando o nível requerido para crescer 6% ao ano seria de 25%”, resumiu. Como exemplo, ele citou que na China o investimento é superior a 40% do PIB ao ano, na Coreia do Sul é mais que 30% e no Chile está em cerca de 25%. “Esse é nosso primeiro desafio: organizar a sociedade brasileira para conduzir um processo mais intenso de investimentos ao longo desta década”, concluiu. O Brasil Eficiente está se articulando para lançar o movimento em Pernambuco com o apoio das entidades locais.

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